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Relato da professora Eliete Cangela Grabner
 

Alfabetização, Letramento e Leitura de Mundo - 3a e 4a. série
EMEF Péricles Eugênio da Silva Ramos - Ipiranga - SP
Coordenação: Professora Eliete Cangela Grabner

TÓPICOS

Diagnóstico de situação e resultados após utilização das técnicas de RPG
Procedimentos aplicados
Dificuldades encontradas no início da aplicação do RPG e dicas da professora Eliete
Relatos dos alunos


DIAGNÓSTICO DE SITUAÇÃO E RESULTADOS APÓS UTILIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE RPG

Diagnóstico de situação
Crianças entre 9 e 12 anos, com promoção automática, sem serem alfabéticos, isto é , não dominarem a escrita e a leitura. A maioria estava na fase silábica. Poucos estavam silábicos-alfabéticos e pré-silábicos, nenhum alfabético (segundo critérios de Emília Ferrero) e já estavam no 3° ano a caminho do 4°.
Tais dificuldades geravam e/ou eram geradas por problemas disciplinares sérios como agressões, preconceitos, apatia, hiperatividade, dislexia entre outros.

Resultados alcançados
Com excessão de 3 alunos, cujos problemas estavam sendo pesquisados por profissionais das áreas de fonoaudiologia, psicologia e neurologia, os demais terminaram o 4° ano alfabetizados, na fase alfabética com domínio da ortografia e interessados em ler, pesquisar, saber mais.
Compreenderam a função da escrita e da leitura e o papel da escola, tendo o professor como mediador.
Também considero um avanço o interesse dos pais no projeto, comparecendo à unidade escolar, fazendo perguntas, ajudando os filhos, rindo felizes ao saberem que seus filhos passaram de ano lendo e escrevendo.
Isto aumentou a auto-estima das crianças e mudou o olhar de seus pais para com eles.


PROCEDIMENTOS

Alfabetização, letramento e leitura de mundo
A alfabetização ocorre quando o aluno começa a elaborar um processo mental em que compreende a complexidade da leitura e da escrita. Entendendo que a leitura só acontece a partir de processos de compreensão que o aluno possa ter em razão dos conhecimentos prévios que domina (Leitura de Mundo). Durante a alfabetização o aluno constrói estratégias mentais e inconscientes de leitura que o levam a atribuir significado ao que lê, retomando seu conhecimento prévio, ou seja, a Leitura de Mundo.
Com o tempo e a prática, o aluno passa a automatização deste processo (alfabetização), o que o leva ao amplo domínio da leitura e da escrita, passando a perceber a função social das mesmas e os diferentes gêneros de textos, o que o faz iniciar o processo de letramento. Cabe a escola proporcionar ao aluno as habilidades básicas para que possa ter domínio da leitura e da escrita, lembrando que o mesmo chega a ela com um conhecimento prévio (leitura de mundo), que deve ser trabalhado para que decifre os códigos da leitura e da escrita e como consequência compreensão de textos produzidos por ele mesmo (letramento).

"Assim nasceu meu PPD ( pequeno projeto didático): dois trabalhos utilizando o RPG em 2002 e 2003, baseando-se no Projeto Tom da Mata, voltado à educação ambiental, da Fundação Roberto Marinho. As aventuras de RPG do Projeto Tom da Mata< (Aventuras nas Florestas Tropicais) foram desenvolvidas por Alfeu Marcatto."

O projeto de 2002, "Água Viva, Viva Água", teve como tema "Solidariedade". A professora encontrou alguma dificuldade em sua aplicação porque, segundo ela, escolheu uma aventura difícil principalmente porque ambos, professora e alunos, eram iniciantes na técnica do RPG, mas mesmo assim os resultados foram satisfatórios porque os alunos passaram a solicitar que a professora desse para eles outras atividades com o RPG.

O projeto de 2003 nasceu a pedido dos alunos para retomarem o RPG, então foi elaborado o projeto com base na experiência adquirida no Projeto Água Viva, Viva Água, com os objetivos: manejo sustentado, reciclagem e convivência com a natureza. Visando agradar os alunos utilizou-se o RPG com o objetivo de levá-los a:

Comunicar-se apropriadamente - falar, ouvir, respeitar opiniões e decidir em conjunto;
Pesquisar e fazer anotações;
Ler e ouvir o que os outros estão lendo;
Solucionar problemas e ser responsável pelas decisões do grupo.

Em forma de manchete de jornal foram dadas aos alunos três aventuras para trabalharem:

1 - EXTRA! EXTRA! VELHO FIRMINO MONTA BRINQUEDOS E DOA PARA AS CRIANÇAS POBRES.

2 - EXTRA! EXTRA! PREFEITURA CONTRATA FIRMAS DE RECICLAGEM.

3 - EXTRA! EXTRA! CRIANÇAS PEDEM PARA GNOMO UM PARQUINHO DE SUCATAS!

A professora leu as histórias com base nas manchetes e os alunos se dividiram em pequenos grupos, decidindo qual personagem cada um iria desempenhar, fazendo inclusive as devidas anotações em seus cadernos. Cada pequeno grupo fazia a sua apresentação e depois eram remanejados de forma a ficar apenas três grandes grupos.

As histórias foram tiradas do Projeto Tom da Mata, adaptadas à escolaridade e idade dos alunos e, aqui, resumidas:

O Velho Firmino
Não há quem não conheça o velho Firmino. Mora sozinho, num casebre à beira da estrada. Comprou um pedaço de terra o suficiente para fabricar seus brinquedos feitos de sucata. Todo mundo que mora pelas redondezas o respeita. Vem gente de muito longe conhecer seu trabalho mas ele está muito velhinho e gostaria que tudo aquilo continuasse mesmo depois de sua morte - mas como?

Terra Viva Limitada
É o nome de uma firma. Vocês são sócios especializados em reciclagem de lixo. A prefeitura contratou os serviços da firma para resolver um problema enorme que a cidade Serra Alta está passando: não têm mais nenhum lugar onde despejar o lixo da população. Vocês deverão propor várias soluções para o problema.

Gnomo Brincalhão
Vocês estão brincando num campinho perto da escola quando de repente uma menina dá um grito: - Eu vi um gnomo.
Todos correm meio que não acreditando mas quando chegam perto da grande árvore vocês, sem tempo para discutir, percebem o gnomo fazendo gestos com as mãos, até que vocês entendem que ele é mágico e pode realizar desejos simples, imediatos e naquele local.
Vocês discutem muito e decidem pedir brinquedos de parquinho.

Os três grupos se reorganizam acrescentando novos papéis para se adequarem às solicitações da professora de fazer pesquisas em jornais, livros e filmes sobre o RPG e as propostas apresentadas. O resultado do trabalho foi apresentado pelos alunos para a classe através de cartazes, desenhos e resumos. A professora da sala de leitura auxiliou dando informações de como montar um jornal. A professora de informática auxiliou na votação do titulo do jornal e na organização dos resumos - digitar, salvar, etc.

Grupo "O Velho Firmino"
Jocélio - Mestre, Brenda - jornalista, Emerson - fotógrafo/desenhista, Arielle, Ana, Caio, Caroline, Diego, Priscila, Ronaldo, Tamires, Thaís, Leandro e Willian realizaram o trabalho de apoio e sugestões aos demais.

Com o lixo que pode ser reaproveitado, como latas, garrafas plásticas, foram feitos: avião de brinquedo, cofre, tambor, bilboquê, pote, avião de papel, casinha de papel, copo plástico, varinha mágica, etc. Segundo Brenda e Diego "essas coisas irão alegrar muito as pessoas".

Grupo "Firmas de Reciclagem"
Everton - jornalista, Robson - fotógrafo/desenhista, Diego, Thiago e Rodrigo - mestres, Amanda, Mayane, Sidney, Daiane, Francisco, Maxwell e Evelyn.

Fizeram muita pesquisa para conhecer as várias empresas de reciclagem, como as de metal,
vidro, papel, madeira, plástico, reaproveitamento de alimentos, lixo hospitalar e lixo tóxico e também sobre as cooperativas, concluindo que o trabalho das cooperativas ajudam a comunidade a ficar mais bonita e saudável.

Grupo "Gnomo Brincalhão"
Thiago - mestre, Diego - Arnaldo - fotógrafo/desenhista Paloma - jornalista, Bruno, Claúdio, Juliane, Luiz, Paulo, Sara, Ruth e Bruna apoio.

Este grupo fez três apresentações, sendo a primeira realizada na forma de uma peça teatral com o texto do gnomo onde eles pediam um parquinho. Na segunda a professora sugeriu uma votação como as realizadas na Assembléia Legislativa, onde havia o "prefeito", ouvinte e votantes. Foi colocado em votação se no terreno em frente a escola seria construído um parquinho ou um estacionamento. Ganhou a construção do parquinho, mas o grupo teria de pensar nos problemas e nas sugestões que foram levantados na discussão. Montou-se então, um projeto para a construção de um parquinho feito de sucata. A terceira apresentação foi com cartazes que mostravam o parque construído, sendo que parte da construção foi realizada com material reciclável: escorregador, gangorra e bancos de descanso feitos em troco de árvore, túnel em canos da Sabesp, casinha de boneca com garrafas plásticas, coletoras de lixo em caixas de papelão impermeabilizada (tetra pak), jardineiras de flores utilizando adubo orgânico, balanças e corridas com obstáculos com pneus pintados e furados (em função da Dengue). A outra parte seria construída em alvenaria: pista de skate, trepa-trepa, e outros poderiam ser comprados. Em função da segurança foi sugerido que o parque fosse cercado com alambrado de arame e tendo um portão em frente à sede da comunidade onde fica o representante.

Este projeto foi apresentado à Diretora da escola que achou excelente a conclusão do trabalho dos alunos, sugerindo que eles apresentassem o projeto também para as outras salas pedindo ajuda para fazerem a maquete do parque e a diretora deu autorização para que os alunos fossem apresentar o projeto para o Sr. Dionízio, que é o representante da comunidade.

Os alunos apresentaram o projeto ao Sr. Dionízio que achou excelente o trabalho dos alunos da EMEF Péricles Eugênio da Silva Ramos, dizendo que iria procurar patrocinadores para viabilizar o projeto dos alunos.

"Agora é irmos em frente, aos poucos, com pesquisas, relatórios, entrevistas, ajudas. Sabemos que isso pode demorar, mas o importante e mais legal de tudo isso é que começou como um jogo que usa a imaginação e pode acontecer de verdade! E convidamos você para entrar no nosso jogo, nos ajudar a fazer a maquete e quem sabe imprimir um jornal de verdade, porque este é apenas um 'piloto'.
Hoje estou segura de que o RPG é importante para os alunos. Nos meus cursos e encontros sempre que me é possível relatar experiências dentro da sala de aula, eu falo do RPG."

DIFICULDADES ENCONTRADAS NO INÍCIO DA APLICAÇÃO DO RPG E DICAS DA PROFESSORA ELIETE

No início os alunos queriam ser líderes (mestre), mas como isso não era possível então montei 5 sub-grupos e fizemos eleições para a respectiva escolha.
Depois para cada personagem havia alunos que queriam ser um, depois trocar para ser outro, o que tumultuou um pouco a dinâmica do jogo e precisei ser mais diretiva e impor limites, ou seja, uma vez escolhido ficaria até o final. Alguns não gostaram, outros que no começo não sabiam o que ser dei-lhes os papeis de jornalistas/repórteres e fotógrafos. Eles se sairam tão bem, começaram a criar tantas coisas (TV de papelão, câmara fotográfica de caixa, etc) que outros alunos queriam fazer o papel deles.
O que concluí que para eles o papel mais interessante era ser aquele onde o aluno que o fazia com desenvoltura e criatividade atraia atenção dos demais. Acho que podemos considerar como "fracasso" esse aspecto, bem como a escolha de uma história muito difícil para eles (pois envolvia conhecimento sobre votação, Em 2003 porém, após insistência dos alunos de 2002 que pediam RPG e deixaram os demais que não sabiam o que era motivados também, resolvi continuar com pequenos grupos no início, cada grupo com uma história e ía unindo os pequenos grupos conforme o jogo encaminhava-se para um ponto em comum, deixando cada um com seu papel, trabalhando juntos os de papel semelhante, como era o caso dos mestres, dos jornalistas, dos fotógrafos.
No final restaram 3 grandes grupos que não foi possível uni-los no jogo, pelo fato de terem tomado rumos distintos, mas todos tinham um objetivo único, registrarmos os aspectos mais importantes para posterior apresentação para a classe.
A auto-confiança deles aumentou tanto que quiseram mostrar os resultados para a diretora (Tânia). Combinamos de ensaiar um teatrinho que mostrassem de forma resumida tudo que acontecera até agora, bem como mostrar cartazes e montar um texto para dar-lhes maior segurança. Foi um sucessão! A diretora sugeriu que eles apresentassem para as demais classes.

Hoje estou segura de que RPG é importante para os alunos. Nos meus cursos e encontros sempre que me é possível relatar experiências dentro da sala-de-aula (apesar de termos usados diferentes ambientes dentro da escola) eu falo do RPG, os colegas ficam interessados e eu recomendo o site de Alfeu Marcatto. Os formadores pedem registro à respeito e eu os faço.

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